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Comportamento

Geração 'jovens senhoras' de 20 anos agora troca o bar pelo chá da tarde

Campo Grande tem grupo na casa dos 20 com hábitos nada convencionais para uma turminha jovem; e eles adoram

Por Idaicy Solano | 24/04/2024 07:42
Mesa posta para café da tarde entre Nicolle e amigas; fotográfa relata que habito é comum no seu cotidiano (Foto: Nicolle Por Deus/Arquivo Pessoal)
Mesa posta para café da tarde entre Nicolle e amigas; fotográfa relata que habito é comum no seu cotidiano (Foto: Nicolle Por Deus/Arquivo Pessoal)

Contrariando o estereótipo de que gente jovem gosta mesmo é de balada, bares agitados e voltar só depois das 3h, a geração das “Jovens Senhoras” quer mais é fazer chá da tarde com direito a bolo, café e mesa posta. Seja em cafeterias, livrarias, ou até mesmo em bares - desde que a música seja baixa e tenha sempre lugar para sentar -, elas estão por toda parte.

A expressão, que nasceu na internet e rapidamente se popularizou, é usada para definir um grupo de pessoas, em sua grande maioria mulheres, que levam um estilo de vida mais suave e diurno, e compartilham hobbies comumente associados a pessoas mais velhas, como fazer crochê, bordar e costurar. O movimento também prega a valorização da saúde e do bem-estar físico e emocional.

Nicolle em seu aniversário de 29 anos, comemorado em um piquenique no Bosque da Paz (Foto: Arquivo Pessoal)
Nicolle em seu aniversário de 29 anos, comemorado em um piquenique no Bosque da Paz (Foto: Arquivo Pessoal)

A maioria das atividades que fazem parte do cotidiano das jovens senhoras estão ligadas à memórias afetivas que quem cresceu com avós presentes com certeza vai entender. Quem nunca presenciou a figura mais velha servir um chá da tarde para receber as amigas, ou desenvolver algum trabalho manual na frente da televisão durante o “Vale a Pena Ver de Novo”?

Este é um costume da fotografa Nicolle Por Deus, 29, que relata que costuma se reunir com as amigas para tomar café da tarde. A programação tem direito a mesa posta, com xícaras, bolos e chocolate. Ela também tem costume de ir a cafeterias comemorar momentos felizes, e gosta de reunir toda a turma para comemorar seus aniversários em um piquenique.

Rolês noturnos até podem rolar, mas conforme relata a fotografa, a preferência é por restaurantes e bares tranquilos, com karaokê e lugar para sentar.

O perfil da “jovem senhora” é um reflexo de jovens adultos cansados, que trabalham, estudam e ainda tentam ter o mínimo de vida social com os amigos e familiares. Pelo menos esta é a definição da estudante Raissa Lorentz, 25. Ela ouviu o termo pela primeira vez na internet, e logo se tornou parte do seu vocabulário.

“Me senti bem representada. A gente quer rolê, mas um que não sugue o restinho de energia que a gente deixou pra socializar”, diz.

Ela afirma que o rolê perfeito envolve bons amigos, conversa fiada e comes e bebes. Pode ser em casa, vendo filmes e fazendo comida, ou em algum barzinho ou restaurante com bons drinks, desde que a música não seja alta e tenha lugar para sentar.

Raissa gosta de frequentar cafeterias para ler e tomar café (Foto: Arquivo Pessoal)
Raissa gosta de frequentar cafeterias para ler e tomar café (Foto: Arquivo Pessoal)

A estudante, porém, afirma que abre exceções em casos especiais, como eventos de amigos e o show da banda favorita. “Um dia desses fui a um bar que não é minha praia, por ser aniversário de um amigo, depois, tive festa pós casamento de uma amiga. [Ambos] lugares com amontoados de gente e que precisava falar alto pras pessoas ouvirem”.

Qualquer papel de bala nas mãos da revisora Vitória Blanco, 25, vira um origami, além dela gostar de fazer crochê, amigurumis, bordado em ponto cruz e costura, hábitos comumente associados às pessoas mais velhas.

Vitória gosta de frequentar cafeterias, se reunir com os amigos para jogos de tabuleiro, ir ao cinema e parques. Isso não significa que ela não vá a shows e bares, apenas que frequenta estes lugares com menos frequência.

Nos rolês, a revisora prioriza conforto, e ter lugar para sentar é indispensável. Definitivamente amiga do fim, ela dispensa o “after” e provavelmente é a primeira a ir embora. “E tá tudo bem”, pontua.

“Sou jovem, mas tenho hábitos de senhora. Gosto de dormir cedo, tomar café de manhã e chá à noite, me divirto com artesanato, coisas que no estereótipo só pessoas mais velhas fazem”, relata Vitória.

(Foto: Arquivo Pessoal)
(Foto: Arquivo Pessoal)

A executiva de vendas Iasmin Reis, 23 anos, também faz parte do time das jovens senhoras “com muito orgulho e sem ofensas”. Prestes a completar 24, a jovem dispensa comemorações noturnas, e vai celebrar a data em um café da manhã, em um sítio há 22 quilômetros da cidade, no próximo domingo.

Iasmin relata que passou por uma série de experiências na vida, que a fez amadurecer muito cedo. Ela costumava frequentar tabacarias, baladas e bares aos 18 anos, mas atualmente suas prioridades mudaram, e ela não se enxerga mais nesses lugares.

Ela trocou a vida noturna por cafés da tarde com as amigas, e diz que gosta de fazer piqueniques com direito a toalha estendida no chão, salgadinhos, bolos e, como uma boa sul-mato-grossense, tereré.

“A gente quer ir para rolês que acabam antes das 10h, a gente não tem mais tanta energia para ficar até mais tarde ou dormir mais tarde. Nós queremos dormir cedo, nós queremos descansar, a gente quer aproveitar e cuidar da nossa casa, cuidar do nosso corpo, autoestima e mente”, finaliza Iasmin.

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